HISTÓRIAS P/ CRIANÇAS

Como criar o hábito da leitura na infância?

(Dicas para professoras e Coordenadoras oportunizarem aos pais em reuniões)


     As crianças estão cada dia menos acostumadas a ler, sendo que elas serão os adultos de amanhã. Uma pessoa com pouca cultura tem maior dificuldade em se socializar e, futuramente, ingressar no mercado de trabalho.
    Portanto, o interesse pela leitura deve ser estimulado pela mamãe quando o bebê ainda está dentro da barriga. O hábito de ler deve ser desenvolvido desde o início da vida.
    O bebê, mesmo dentro da barriga, sente e escuta a voz da mamãe. Uma mamãe que conta histórias para o seu filhote durante a gestação oferece uma experiência que pode ser levada para toda a vida se for sempre estimulada.
     Depois do nascimento, a mamãe, ou mesmo o papai, deve continuar a contar histórias para o seu pequeno. A partir do momento em que o pequeno começa a pegar objetos e a brincar, brincadeiras com livros já podem ser introduzidas no cotidiano da criança.
     Você sabia que a hora do banho é uma boa oportunidade para seu bebê se acostumar com livros? Pois é. Existem livros de plástico ideal para essa hora. Como o banho é muito prazeroso para a criança, esta poderá associar o livro a um evento gostoso.
     As crianças são seres muito curiosos e o manuseio de livros, sejam eles de plástico, pano, papel ou musicais são importantes para que os pequenos manipulem, brinquem e explorem o objeto que pode ampliar o vocabulário e imaginação.
     Livros com muitas ilustrações e pouco texto são adequados para crianças acima de cinco anos, que poderão criar histórias com base nos desenhos ou interpreta-los. Se a leitura for estimulada desde pequenino, o manuseio do livro para essas crianças já será comum.
     Desse modo, quando o processo de alfabetização estiver acontecendo, as crianças que passaram por todo o processo de conhecimento e manuseio do livro terão prazer de lê-lo, seja um livro indicado pela escola ou o que a própria criança escolher na biblioteca.

Pais que lêem servem de exemplo ao filho 
     Outro estímulo que os pais podem oferecer à criança e que pode ser o principal é o exemplo. Crianças que vêem os pais lendo, que percebem que os pais têm prazer ao ler, são crianças mais interessadas em leitura do que as filhas de pais que não lêem e não gostam de ler.
     Passeios a feiras de livros são encantadores para as crianças. Lá encontram as mais diferentes opções de leitura e se entusiasmam com o ar de magia e mistério.
     Nunca deixe de contar histórias para seu filho, se ele já sabe ler, leia junto e depois comentem a história, faça-o interpretar o livro que leu. Leva-lo à biblioteca e escolherem um livro juntos para ler em casa é um grande incentivo.
     São pequenas ações que criam o hábito da leitura, ajudando a criança no desenvolvimento da escola, aumentando criatividade, linguagem, vocabulário e escrita. Uma criança adepta à leitura terá um futuro com muito mais perspectivas profissionais. Além disso, a leitura permite você voar com o pensamento sem sair do lugar.

Dicas
- Leve seu filho para passear em bibliotecas e livrarias que deixem a criança manusear os livros. O contato com o autor do livro pode estimular a curiosidade pelo livro. Festas de lançamentos de livros são ideais.
- Pegue o livro e vá contar história para a criança na cama. Faça perguntas simples para deixar o filho aceso na história. Se a história for sobre animais, pergunte se ela já viu uma baleia, por exemplo, e peça para ela descrevê-la.
- Não repreenda a criança pela folha do livro rasgada, acidentes acontecem. Converse e o ajude a criar responsabilidade.

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15 de Novembro de 2011 (3ª feira)

As Cocadas


      Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do tempo. 
     Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco.      
     Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando foi cortada em losangos. Saiu uma cocada morena, de ponto brando atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo, carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira. 
     Duas cocadas só... Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez, mesmo. Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível. De noite, sonhava com as cocadas. De dia as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto, ajudando nas quitandas, esperando, aguando e de olho na terrina. 
     Batia os ovos, segurava gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava na boca do forno e socava cascas no pesado almofariz de bronze. 
     Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló.
     Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiiii... Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão, no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina. 
     As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor. 
     Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador... Trovador... e veio o Trovador, um perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido, abanando a cauda. Farejou os doces sem interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso. 
     Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas. Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – má e dolorida - de não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado das cocadas bolorentas com o cachorro.
Cora Coralina

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14 de Novembro de 2011 (2ª feira)


Já que está próximo ao Dia da Consciência Negra é o momento de se valorizar a cultura e não focar a cor Negra!

Consciência Negra: o que é isso afinal?

Esta data deve servir para pensar, compreender e valorizar a riqueza cultural dos negros no Brasil.

     É a história de um menino, Zumbi. Ele era negro, filho de escravos, mas nasceu livre, lá no Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Pernambuco. Quilombos eram lugares dentro da mata para onde os escravos fugiam, para se refugiar do cativeiro e dos maus tratos das senzalas. Existiam muitos no Brasil e lá os escravos viviam livres, em comunidades onde faziam valer suas próprias regras. Porém, o refúgio era sempre atacado, pois os donos dos cativos os queriam de volta para trabalharem em suas terras. Foi num desses ataques que Zumbi foi capturado e levado para ser criado por um padre na cidade.
     Quando cresceu, fugiu e retornou a Palmares para cumprir sua missão: lutar pela liberdade! Essa é a história que consta em arquivos portugueses. Hoje, Zumbi é conhecido na história como líder de Palmares, um guerreiro que esteve à frente de vários combates contra escravidão e pela liberdade. Numa dessas batalhas ele foi morto, em 20 de novembro de 1695.
     Epa! Essa data te lembra alguma coisa? Pois é, ela foi escolhida em 1971, pelo poeta Oliveira Silveira e por um grupo de estudiosos composto por pessoas negras, que se reuniam em Porto Alegre, o Grupo Palmares. “Essa idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional para o dia da Consciência Negra. Esta história não pode ser esquecida”, conta Flávio dos Santos Gomes, escritor e professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
     Você agora pode estar se perguntando: mas e o 13 de maio de 1888? Não é essa a data em que foi decretado o fim da escravidão no Brasil? Para muitos, apesar de ser importante para nossa História, essa data não mudou a realidade dos negros. Os escravos libertos e seus descendentes não eram tratados igualmente depois da abolição da escravatura e, até hoje, a luta pela igualdade racial continua. Por isso, uma nova data, mais representativa, foi escolhida. “O nome já diz: ‘consciência e protesto’ para a situação de exclusão sócio-econômica da população negra no Brasil passados 117 anos do fim jurídico do sistema escravista”, afirma o professor Flávio dos Santos Gomes.
     Por isso, dia 20 de novembro é um dia de liberdade para os corações de todos os brasileiros. Dia de refletir e conversar sobre a igualdade de direitos entre as pessoas, homens ou mulheres, negros ou brancos. Que tal refletir um pouco sobre isso?


Fonte: Ciência Hoje das Crianças, 23/11/2005
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